É no coração da 4.ª edição do MIA, sob o tema dos 50 anos de independência de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, que pulsa a exposição “Ecos da Memória”, com a curadoria de Ivanova Araújo. O título é um manifesto: a história não é uma cicatriz silenciosa, mas um eco que reverbera e se transforma no presente. Ao reunir quatro artistas que constroem um mapa polifónico da memória, a mostra não olha para o passado como arquivo, mas como espelho.

Gigi Origo (Cabo Verde/França) trabalha a sobreposição como linguagem, matéria, memória e transparência fundem-se em composições digitais que evocam a textura do real. Rostos fragmentados tornam-se arquiteturas de carne e lembrança, questionando o que, na imagem, persiste ou renasce.

Naia Sousa (Moçambique) pinta o cosmos como território de reflexão. As suas telas, em roxos e azuis, abrem portais onde o feminino é arquétipo em metamorfose, memória feita cor e movimento.

Ricardo Parker (Cabo Verde/Portugal) encontra na urbanidade o seu campo visual. Entre tipografia e personagem, cria composições que traduzem a cacofonia da identidade contemporânea: uma memória gráfica e viva.

Sai Rodrigues (Cabo Verde/Holanda) traduz em traço a liberdade de imaginar. Inspirado pelo ofício do pai, faz da arte um espaço de afeto e construção de mundos, onde cada olhar é também uma história.

Numa noite em que diferentes visões se cruzam, a memória deixa de ser apenas imagem suspensa nas paredes para se tornar corpo e voz. O corpo de Sani Dubois, em “Chão que Vibra, Corpo que Responde”, dança a resiliência. E a voz de Cynthia Perez, em “Versos de Liberdade”, tece com palavras um lugar de pertença e de continuação.

“Ecos da Memória” é, assim, um diálogo entre camadas: corpo, cor, ritmo e lembrança, um lugar onde a memória se transforma em matéria viva.


A exposição é de entrada livre e para poderes participar na inauguração basta inscreveres-te neste link.