Um programa de performances celebra a força agregadora e a reinvenção da arte indígena contemporânea. Wayuri significa o gesto de criar em conjunto, de fazer algo com outros, em comunidade. A escolha de uma palavra da língua nheengatu, língua geral amazónica alimentada por bases do tupi e proibida no século XVIII por ordem do Marquês de Pombal, por ser considerada uma ameaça à imposição do português, é já um ato político. Evoca a resistência das vozes, das línguas e dos biomas indígenas que se mantêm vivos e insurgentes perante a sedimentação estrutural da violência colonial entre Portugal e o Brasil.

O programa Nosso Wayuri reúne seis artistas no espaço da exposição Retrospetiva de Denilson Baniwa, coletivizando-a e expandindo o diálogo entre obra e território. A iniciativa resulta de um processo de investigação da plataforma Terra Batida, dedicada a repensar as noções de ecologia através do entrelaçamento de visões e responsabilidades. A pesquisa, realizada ao longo de dois anos, incluiu residências de criação, encontros e investigações com artistas indígenas em museus históricos e etnográficos de Lisboa e Coimbra, num exercício de convivência, resposta e cuidado.

Neste encontro performativo coletivo, participam Lilly Baniwa, Ellen Pirá Wassu & Ritó Natálio, Olinda Tupinambá & Ziel Karapotó e Juão Nÿn, que apresentam ações e gestos performativos tecidos entre si. O programa inclui ainda uma conversa e uma instalação de vídeo que documenta o processo de pesquisa desenvolvido em acervos museológicos portugueses.

As ações decorrem de forma contínua e entrelaçada, sem início ou fim claramente definidos — podem surgir em fragmentos, interromper-se momentaneamente ou cruzar-se entre si, compondo uma performance partilhada e coletiva.


🗓️ 15 e 16 de novembro de 2025
📍 Galerias Municipais – Galeria Quadrum
🎟️ Entrada livre
Organização: Terra Batida