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Unless the water is safer than the land – From Lagos to Lagos é uma proposta artística multidisciplinar que mergulha nas profundezas da memória, do deslocamento forçado e das heranças coloniais que ainda hoje moldam o mundo contemporâneo. Com a curadoria de Lynhan Balatbat, a mostra é resultado de uma colaboração entre o artista plástico português Paulo Arraiano e a artista nigeriana Yagazie Emezi.
A exposição conta também com um diálogo com a música e investigadora Selma Uamusse, que assina a componente sonora da instalação.
A exposição apresenta-se como uma narrativa fragmentada, construída a partir de corpos - os presentes, os que vieram antes e os que ainda estão por chegar - entrelaçando experiências de violência, migração e resistência à criação de fronteiras. Através de instalações visuais, sonoras e reflexivas, Unless the water is safer than the land convida o público a revisitar aquilo que sabe, ou pensa saber, sobre as histórias que unem África e Europa, especialmente através do Atlântico.
Ao situar o seu percurso entre Lagos, na Nigéria, e Lagos, em Portugal, a proposta interroga as complexas relações entre terra e mar, trabalho e memória, transporte e futuros possíveis. Questiona os rituais de pertença, os modos de deslocação forçada e a justiça ecológica, num contexto em que a liberdade de movimento parece cada vez mais erosionada. “É uma meditação sobre figuras que deixaram de ter o direito de existir, como o viajante ou o bourlingueur — anti-figuras do colono ou do migrante, que precisam de ser reativadas na nossa imaginação colectiva”, explica o texto curatorial.
Inspirado por pensadores como Édouard Glissant, Italo Calvino e Derek Walcott, o projeto cruza história, ecologia, tecnologia e mitologia para explorar o oceano como arquivo vivo — um espaço de dor, mas também de possibilidade. São abordadas questões como o extrativismo, o impacto do Antropoceno e a continuidade das estruturas coloniais nos sistemas tecnológicos contemporâneos.
O mar, neste contexto, não é apenas uma massa de água entre continentes, mas um corpo vivo, repleto de narrativas esquecidas, travessias forçadas e memórias silenciadas. A exposição, que se estende também como projeto de investigação, propõe uma escuta atenta e sensível às vozes que ecoam desse arquivo líquido, convocando o público a reconhecer os vestígios do passado e os reflexos que estes deixam na forma como nos movemos, habitamos e imaginamos o futuro.
Unless the water is safer than the land está aberta ao público no Lagos Cultural Center, com entrada gratuita, e é uma das propostas mais relevantes no panorama artístico lusófono contemporâneo ao propor, de forma poética e crítica, um diálogo entre corpos, territórios e águas que continuam a transportar memórias e lutas transatlânticas.
Para sugerir eventos, envia-nos um email para redacao@bantumen.com
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