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Oseias: “O meu objectivo nunca é produzir para alguém cantar”

Oseias tem 20 anos e é um produtor português de hip hop que sonha singrar no panorama musical nacional. Estivemos à conversa com o jovem artista que nos contou um pouco sobre a sua carreira e a ligação à Think Music, label que conta com Profjam.

Começou a produzir kuduro aos nove anos no Fruitloops e tinha como inspirações os artistas angolanos Nagrelha e Sebem. A passagem para o hip hop veio com o tempo, foi uma mudança natural e a partir daí fixou-se nesse estilo. Antigamente, utilizava o nome Jon Ozi Smith e tinha uma base de fãs totalmente norte-americana.

“Escrevia tudo em inglês, nome dos beats e só falava com pessoal americano. Os beats que eu fazia eram muito mais o estilo norte-americano e eram muito mais requisitados por eles. Mas depois como era impossível dar shows nos Estados Unidos da América (EUA) decidi passar para o meu nome verdadeiro e apenas preocupar-me com os meus fãs portugueses”.

Com esta mudança, em 2015, Oseias quis tomar uma posição no hip hop, ganhar uma base de apoiantes local, começar a apresentar as suas beat tapes ao vivo e poder começar a colaborar com artistas portugueses, matando assim o seu alter-ego que tanto sucesso fez no panorama underground dos EUA para começar do zero em Portugal, numa altura em que recebia convites para ir actuar ao vivo.

Pessoalmente, as suas influências são muito derivadas do rnb e do jazz e confessa ainda que, apesar de gostar muito de trap, perde pouco tempo a produzi-lo. Na hora de criar, Oseias isola-se de tudo que o possa influenciar, prefere produzir boom bap. “Os meus beats normalmente são de boom bap, porque foi o som com que cresci a ouvir. São os sons com que me identifico mais e que mais sinto. O trap não me cativa tanto quanto o boom bap. Quando quero produzir oiço a maior quantidade de música jazz e de rnb para depois sim começar a produzir. Ouvir hip hop antes de produzir não é de todo o meu método de trabalho.”

 

 

O produtor musical defende que os seus beats são feitos mais para ouvir e não para terem rappers por cima. Para Oseias a voz do cantor é um instrumento dispensável quando está a tentar contar uma história através de um instrumental ou de uma beat tape.

“O meu objectivo não é produzir para alguém cantar. Existem produtores que fazem faixas e colocam disponíveis no soundcloud para outros rappers. Eu não faço isso. Num projecto meu, cada faixa completa-se, cada beat tape minha tem um conceito para que seja ouvida como uma só”.

A sua ligação à Think Music surgiu depois de um convite feito por parte da label. Oseias sempre se deu com Profjam, com o seu agente e de forma natural existiu este casamento. As ideias e os objectivos da Think Music foram de acordo com o produtor que rapidamente aceitou a proposta. “Como sempre foi uma label que foi contra os padrões actuais do rap tuga, contra o boom bap e contra o ser real. Focam-se muito no trap e as críticas que eu recebo eram as que eles recebiam por gostar de trap, então a ligação foi natural.”

O seu estilo de produção e os seus espectáculos ao lado de Yuzi, rapper da Think Music, chamam à atenção do público, mas Oseias marca a diferença também pela peculiaridade constante do seu outfit. Antes gozavam com a sua aparência, hoje já recebe elogios. Há pouco tempo teve o cabelo pintado de cor de rosa, tudo por curiosidade e gosto pessoal, inspirado no seu rapper favorito, Pollari. “Eu próprio descolorei o meu cabelo, experimentei e gostei de ver.” No seu guarda-roupa não podem faltar doc Martins, Crippers, t-shirts lisas e jardineiras. No seu lifestyle e na forma de vestir não imita nem segue ninguém, veste aquilo que gosta e com que se sente confortável.

Fica a saber mais sobre o produtor musical Oseias na entrevista video à BANTUMEN. 

 

 

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